Cleiton Pinheiro, presidente do SISEPE-TO

O mês de março de 2022 ficará marcado na história político-administrativa do nosso Tocantins. Na última sexta-feira, 11, foi intensa a movimentação na Assembleia Legislativa que culminou com a troca do comando do Palácio Araguaia. Enquanto se aguardava a confirmação do primeiro processo de impeachment contra um governador do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL) apresentou sua renúncia e abriu espaço para a posse do até então vice-governador, Wanderlei Barbosa. De forma rápida, uma renúncia, um arquivamento de processo de impeachment e uma posse de governador, tudo no mesmo dia. Wanderlei, que estava à frente do governo como interino desde 20 de outubro do ano passado, viu a confirmação de seu nome como governador empossado.

Os tocantinenses, atônitos, acompanharam tudo através dos meios de comunicação. E como não poderia ser diferente, dentro das rodas de conversa e grupos das diversas categorias de servidores públicos, o assunto foi o mais comentado. Todo mundo se perguntando: e agora? Qual será o tratamento dado daqui pra frente? Conseguiremos, finalmente, solucionar nossas reivindicações e acabar com a enorme dívida acumulada há sucessivos anos?

Sabedor do tamanho do problema que envolve uma categoria de mais de 30 mil tocantinenses (sem contar seus familiares), Wanderlei Barbosa tratou da temática do servidor público logo no discurso de posse. Suas palavras sinalizaram para a convocação de mais servidores efetivos e ele enfatizou que os servidores públicos precisam ter seus direitos garantidos. É bom lembrar que Wanderlei também disse que quer consertar e colocar o Estado no rumo certo.

Pois bem. As palavras do Governador trazem certa esperança ao servidor e gostaríamos muito de acreditar que refletirão em ações práticas daqui para a frente. Principalmente porque após tanto tempo de negociação, tentando resolver as reivindicações por meio do diálogo, nós do Sindicato dos Servidores Públicos no Estado do Tocantins (SISEPE-TO) vemos que as coisas chegam a um ponto inaceitável. Por mais que tenha havido o pagamento de alguns direitos nos últimos meses, a maior dívida com o servidor continuar ativa e crescendo. São anos sem data-base, são milhares de servidores sem progressões. Não podemos mais continuar vendo colegas que, tão prejudicados pela defasagem salarial de anos consecutivos sem qualquer tipo de reajuste, estão recebendo, no fim das contas, menos que um salário mínimo.

E os problemas vão além. Não são apenas os direitos adquiridos em lei que estão atrasados. E o Plano de Saúde, item fundamental para os servidores e suas famílias? Um plano pelo qual todos os meses pagamos e que não tem atendimento, principalmente, porque os prestadores de serviço não querem mais credenciar. Todos os dias chegam ao SISEPE-TO inúmeras reclamações sobre o mau funcionamento do Plano de Saúde. No norte do Estado, por exemplo, estamos com uma sindicalizada com diagnóstico de câncer de mama que não tem como fazer a cirurgia necessária para a sua cura por não haver hospital credenciado pelo plano. O Sindicato está adotando as providências cabíveis para defendê-la, mas até quando o Governo continuará cego aos problemas do plano de saúde e resolvendo somente por meio de intervenção judicial? Quando haverá efetiva solução e correto funcionamento? Será que agora as coisas mudam? É o que todos nos perguntamos e não é só sobre o plano de saúde. É sobre tudo o que está capengando e que causa tanta insatisfação entre a categoria.

Wanderlei Barbosa é natural de Porto Nacional e filho do primeiro prefeito de Palmas. É o primeiro filho desta terra a comandar o Governo do Estado e sua responsabilidade, portanto, é gigantesca, maior do que a de todos os outros que ocuparam a mesma cadeira. O SISEPE-TO deseja sucesso e espera comprometimento, assim como o de um filho que sabe e faz o que precisa ser feito, sem receios. Vamos continuar fiscalizando a gestão. E esperamos que o governador não faça das cadeiras do secretariado uma distribuição de lotes políticos, que seja técnico, que seja coerente e não siga aumentando a folha com contratos temporários como aconteceu em alguns meses do ano passado. Que reveja o cronograma de pagamento e o parcelamento vergonhoso dos passivos da MP 27, editada em dezembro passado. Que melhore a saúde, a educação, a cultura, a qualidade de vida dos tocantinenses. Que escute o clamor da categoria, que pague o que deve. E que dê tratamento isonômico, respeito aos direitos e valorização.

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