Com foco no fortalecimento da política antirracista no Tocantins, programação conta com palestrantes nacionais como a escritora Djamila Ribeiro e o pesquisador Natanael dos Santos.
Com o objetivo de consolidar uma educação mais inclusiva e comprometida com o combate ao racismo, o Governo do Tocantins realiza, entre os dias 14 e 15 de abril, o Encontro Formativo de Educação Antirracista, no Centro de Convenções Arnaud Rodrigues, em Palmas. A ação reúne mais de 700 educadores das 13 Superintendências Regionais de Educação (SREs) e conta com nomes de destaque nacional, como a escritora Djamila Ribeiro e o pesquisador Natanael dos Santos.
A iniciativa integra o Projeto Poder Afro de Combate ao Racismo nas Escolas Estaduais e o Programa de Fortalecimento da Educação Indígena (PROFE Indígena), alinhando-se à Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (PNEERQ).
Durante a abertura, o secretário de Estado da Educação, Fábio Vaz, ressaltou a importância de ações estruturantes no combate ao racismo e valorização da diversidade nas escolas. “Estamos iniciando uma mudança significativa, que não se faz apenas de intenções, mas com práticas consistentes nas escolas. Nosso compromisso é com uma educação transformadora, construída com os professores e em cada território”, afirmou.
Entre as ações destacadas por Vaz estão a produção e distribuição do material didático do Poder Afro e de livros específicos para escolas indígenas, além da criação de uma diretoria na Seduc voltada exclusivamente para a educação indígena e quilombola.
Docentes destacam importância da formação
Para a professora Dângela Rodrigues, da regional de Gurupi, participar da formação é um marco em sua trajetória. “Sou professora há 15 anos e essa é a primeira vez que participo de uma formação presencial sobre o tema. Essa troca de experiências vai impactar diretamente a forma como atuamos em sala de aula e como formamos cidadãos mais conscientes”, avaliou.
Já o professor Danel Pereira, de Araguaína, acredita que o encontro fortalece práticas já em andamento. “Utilizamos o material do Poder Afro no ano passado e esse momento reforça nosso compromisso com uma educação que valorize as raízes afro e indígenas. É um trabalho de longo prazo, mas necessário para a construção de uma sociedade antirracista”, afirmou.
Programação e destaques
A programação conta com mesas-redondas, palestras e oficinas, como a que abordará o “Letramento Racial e a implementação da coleção Minha África Brasileira e Povos Indígenas”. Um dos momentos mais aguardados será o lançamento, na terça-feira, 15, do Selo Escola Antirracista, que reconhecerá escolas com boas práticas na temática.
Também no dia 15, a filósofa e escritora Djamila Ribeiro ministrará a palestra “Lugar de fala nas escolas: por que representatividade transforma realidades?”, exclusiva para os participantes do evento. Djamila é uma das principais vozes do movimento antirracista no Brasil e autora de obras como Pequeno Manual Antirracista e Lugar de Fala.
O historiador Natanael dos Santos, doutor em História e pesquisador da Unicamp, abriu o evento com uma palestra performática ao lado da banda Griô, utilizando instrumentos de origem africana para contextualizar a história do povo negro no Brasil. “Precisamos resgatar o orgulho de nossas raízes. A educação é o caminho para reconstruir essa consciência nos nossos jovens”, defendeu.
Integração com os municípios
Presente no encontro, o secretário municipal de Educação de Sucupira e presidente da Undime-TO, Humberto de Campos, reforçou a importância da articulação entre Estado e municípios. “Estamos construindo uma educação de território com o apoio do Governo. Essa parceria é fundamental para que o Tocantins se torne referência nacional em práticas pedagógicas inclusivas e transformadoras”, declarou.
O encontro formativo reforça o compromisso do Tocantins com uma educação pública que respeita, valoriza e representa todas as identidades presentes em seu território.
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